ENTREVISTA - Dr. Marcos Garzon dedica sua vida à natureza
Ele iniciou sua jornada colecionando recortes de jornais para mais tarde se tornar um grande ambientalista.
Marcos Augusto Falci Garzon é o tipo de carioca bonachão. Uma extraordinária pessoa sem maldade, bondoso, simples, que gosta de fazer o bem. Nascido em Niterói-RJ, Marcos Garzon é advogado, publicitário e empresário. Com diversas e marcantes conquistas o escritor calcula em sua bibliografia 104 livros que ele mesmo escreveu sobre a preservação do Meio Ambiente, entre outros assuntos. Profundo conhecedor da atualidade, e dos fatos que ocorreram no passado os quais estão refletindo em nossos dias, Marcos fala aos quatro cantos do mundo toda a verdade sobre o meio ambiente e não teme retaliações.
Há 45 anos, Marcos Garzon iniciou sua jornada em favor da Natureza colecionando recortes de jornais sobre a agricultura para mais tarde escrever e denunciar os abusos. “Comecei em 1971, quando li uma notícia sobre um filete de esgoto contaminando uma nascente de água numa cidade satélite de Brasília, deixando-me contrariado, fato que me despertou para a natureza. Desde então, comecei a recortar e guardar numa pasta tudo que se referia ao inter-relacionamento do homem com o meio ambiente. Não comecei a me preocupar e aprofundar meus estudos agora, mas, desde 1971, quando comecei a escrever o livro Fraternidade e o Terceiro Milênio. E, principalmente, depois de entender as consequências dos testes nucleares realizados nas “entranhas” do planeta”, diz Garzon que, embora tenha uma agenda apertada, com direito a viagens de trabalho e administrações de empresas, consegue conciliar todas as funções com maestria.
Como o doutor vê a Natureza?
Atualmente dedico cerca de 60% a 70% do meu tempo em conhece-la. Navego na internet, nos estudos sobre cada desastre e transformação que está acontecendo no planeta. E me dedico, além da teoria, à prática, no dia a dia. Porquanto também moro em uma chácara. Planto árvores frutíferas, árvores frondosas, plantas e flores, vivencio a natureza e todas as suas reações, busco entender aquilo que ela sente, responde e emite para nós em troca dos nossos cuidados. É uma experiência sensacional viver com o pé no chão, tomando banho de chuva, apreciando todas as suas marcantes fases e estações. Não busco reconhecimento, poder, fama ou dinheiro, apenas a satisfação de conhecer, defender e ajudar a Mãe Natureza.
O misticismo te inspira lutar pela preservação da natureza como contribuição para uma causa espiritual?
Na nascente do Rio Ganges, na Índia, tem uma inscrição que diz: “Deus e a natureza são sinônimos”. Não acredito no Big-Bang, mas na teoria criacionista de tudo. Acredito em Deus e na Mãe Natureza. Comecei meus estudos com dados científicos sobre a interferência do homem no meio ambiente, escrevendo o livro “S.O.S. Terra”, em 1998, onde busquei criar uma ciência específica para estudar as causas e efeitos quanto ao homem e a natureza. Isto me levou a me aproximar mais de Deus, me inspirou e me deu forças para defender a natureza.
Doutor Marcos, quais são os indícios da degradação da Natureza e dos riscos que a humanidade enfrentará atualmente?
A diminuição da força da Corrente do Golfo, que leva calor do Caribe à Europa. A acentuada perda de intensidade da Corrente de Walker. O afloramento dos lamaçais de turfas na Sibéria e em outros locais, cuja vegetação foi coberta pela alta espessura de neve na Era do Gelo, e com o calor foi reaparecendo a vegetação, que se transformou em lamaçais de turfas, emanando gás metano na atmosfera. Lembrando que o gás metano é 20 vezes mais poluente que o gás carbono. Alguns estudos científicos concluíram que apenas uma zona na Sibéria estaria liberando, na atmosfera, 70 bilhões de toneladas de gás metano, o que é equivalente a 1,4 trilhão de toneladas de gás carbônico.
A poluição dos mares que está matando os fitoplânctons. Estes são responsáveis pela fotossíntese do gás carbono em oxigênio. O terrível desmatamento, ocorrente em todo o globo terrestre, principalmente da floresta Amazônica, pois as florestas, bosques e matas tem uma importância vital no relacionamento terra, água e ar do planeta. Entre muitos outros.
Doutor Marcos, qual a relação de causa e efeito que o senhor estabelece com as explosões nucleares subterrâneas ou de superfície que se realizam desde 1945 para a modificação da estrutura gravitacional do planeta?
Os cientistas quando começaram as explosões nucleares, cada vez mais potentes, para acalmar quaisquer pensamentos contrários da humanidade, diziam que a estrutura dinâmica da crosta terrestre era muito forte, capaz de suportar os testes nucleares internos. Ora, a crosta terrestre é uma unha num planeta com cerca de 12.600 km de diâmetro, onde tem cerca de 10km de crosta, embaixo dos oceanos e cerca de 100km, embaixo dos continentes. Mas, os cientistas não explicaram que as explosões nucleares expandem os átomos. Então, os cerca de 1.870 testes nucleares subterrâneos, além dos cerca de 540 testes nucleares, foram ativar o magma, gerando um calor incrível na atmosfera, camada interior do planeta, que só podia expulsar o magma para fora através de vulcões e agitando as estruturas da crosta, através de terremotos. As placas continentais flutuam literalmente sobre uma camada imensa de magma.
Portanto, as pressões internas aumentando de forma gigantesca através dos tempos, foram mexendo com as pulsações vibráteis do planeta, ocasionando a mudança do polo magnético da Terra, que se encontra hoje “caminhando” mais rápido na direção do Reino Unido. O polo magnético do planeta não é mais onde era em 1945, já mudou centenas de quilômetros.
Um dos seus mais requisitados livros, Tarde Demais? – com interrogação, significa esperança? Como o descreve?
O livro Tarde Demais? é o livro que o leitor pode fazer uma análise ampla de todas as interligações e consequências das interferências do ser humano no planeta. Tarde Demais? Também é um trabalho que explica uma sequência de causas e efeitos numa encadeação de fatos e ações que levam a uma radiografia clara de tudo aquilo que está ocorrendo no planeta terra, abrangendo os diferentes tipos de poluição, de desertificações, do desmatamento, dos degelos, dos efeitos do lixo na terra e no mar, do aquecimento global, dos terremotos e vulcões, da proliferação dos insetos, da mudança das rotas dos peixes e aves, das erosões, do crime hediondo de matar nascentes. Finalmente, é um trabalho sintético e intenso.
Coloquei interrogação porque sinto que devemos manter a esperança, a expectativa de obter resultados decorrente de ações urgentes, constantes, de toda a humanidade, onde cada um deve ser informado, orientado, convocado a fazer a sua parte.
Doutor Marcos, por que o senhor persiste em alertar as pessoas para a causa ambiental?
Problemas existem e sempre existirão. Mas, e as soluções? A ONU recomenda que todos os países estabeleçam suas ações de abrandamento e ações de adaptação, ações para cada país se adaptar às mudanças planetárias que não podem ser evitadas. Sinceramente, no Brasil ainda não vi nenhuma iniciativa do Governo Federal a esse respeito. Desde a primeira reunião de cúpula, realizada em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, todos os índices pioraram. TODOS. Dezenas de ideias aparecem nos meios de comunicação, na internet, entretanto, a maioria ambicionando retorno financeiro.
Uma ideia isolada não irá resolver. Precisamos de milhões de ações conjuntas. Antes das ações serem ativadas, a humanidade precisa conhecer a gravidade da situação planetária para serem mobilizados a se engajarem. Pois, sem a participação de todos não conseguiremos atingir objetivos e resultados necessários. Acredito que a melhor possibilidade de revertermos essa situação é desenvolvermos o que apresento em meu livro Marketing de Transformação para Sobrevivência.
Transformar para sobreviver. Devemos começar a movimentar redes nacionais de informação e orientação, convocando e motivando os seus associados a fim de utilizarem os diversos meios sociais, as propagandas, as ideias, orientações, informações, sugestões, recursos de defesa do meio ambiente em cada publicidade feita e assim por diante. Ao mesmo tempo, realizarmos seminários estaduais, regionais e nacionais.
O assunto tem de ser debatido constante e exaustivamente, para buscarmos soluções em cada município brasileiro. Se não transformarmos, não iremos sobreviver. Se não houver uma mobilização nacional, que deveria ser iniciada urgentemente pelo Ministério do Meio Ambiente, convocando todas as instituições públicas e privadas, nós e a nossa linhagem não irá SOBREVIVER!
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